Eu
sei lá sabe, mas dá uma dor de barriga olhar pra ele, sorrindo desse
jeito,vendo as nuvens se aproximarem. E os pés no asfalto, a cara amassada, as
mãos suadas. Eu sei lá sabe, mas me dói ver ele aqui, do meu lado e não poder
tocá-lo. E não tocá-lo da forma que eu queria. E essa dor que não passa. E tudo
que fica.
-
Eu gosto de como as nuvens ficam quando está próximo de uma tempestade.
-
Eu gosto de você.
...
Eu
fui, falei e pronto. Saiu. E a chuva veio. E a rua inundou meu peito. Ele tá
martelando sabe. Ele tá batendo feito um condenado.
-
Eu-eu vou pra casa. - Ele tem boas pernas pra corrida, sempre teve. A chuva
parece deixá-lo passar. Mas eu, eu fico ali, banhando-me, doendo-me.
-
Você não vem? - ele grita longe, o som das gotas tampando minha visão, minha
audição. Como eu escutei aquilo mesmo? - Você não vem? - ele sussurra, no meu
ouvido, minha barriga dói daquela maneira e os olhos dele parecem me queimar.
Que inferno. Que seja.
-
O que foi? - eu pergunto, esperando, encarando. Ele sorri aproximando-se.
-
Eu gosto de você também. - E tudo para.
Tudo.